Você já olhou ao seu redor?

Texto por Carolina Sousa e Bernardo Louzada

Foto: autor desconhecido

Nessa editoria falamos muito sobre a poluição do mundo inteiro, mas um assunto que quase nunca tocamos é a poluição das nossas praias. Você já viu como elas ficam depois de grandes eventos? Mas deixa eu te contar uma surpresa, elas ficam assim no cotidiano… 

Fomos abençoados com uma magnífica praia tão pertinho de todos nós, porém não sabemos como aproveitá-la e retribuir com o mesmo carinho. Poderíamos te contar diversos fatos embasados como o dado de que despejamos 60 toneladas de lixo no mar por dia porém, não é preciso de muito para perceber, pessoalmente, nosso impacto nesses quilômetros de praia. 

Logo, ao invés de debater a importância de não poluir (algo nem um pouco novo nessa editoria), viemos propor um experimento. Mesmo vestibulando, não gostando de praia ou até praieiros conseguem pelo menos 10 minutinhos de um dia para fazer isso, então não venha com desculpas kkkkk. A ato de andar na praia, além de melhorar seu equilíbrio, emagrecer e melhorar o humor pela liberação de endorfinas, é o melhor exercício para a percepção do impacto direto que causamos no meio ambiente. Além de podermos perceber esse último com tanta veracidade, se você estiver pront@ para esse choque, leve uma sacola (de pano, hein…) em sua próxima caminhada e tente recolher o máximo de lixo possível nesses 10 minutinhos.

Para os banhistas de sol, outra alternativa é, mesmo deitad@, procure ao seu alcance plásticos em forma de bolinhas, tampinhas, palitos, etc e o resultado será tão tristemente surpreendente quanto o primeiro teste. 

Isso não está ligado a falta de lixeiras ou a ineficácia de órgãos de limpeza, nós somos aqueles responsáveis. Com a sacola cheia, procure engrandecer a sua consciência e na próxima vez que você visitar a praia como banhista, lembre-se de recolher seu lixo (isso também vale para falar para seu amigo) para, quando estiver indo embora, descartar na lixeira mais próxima, lembrando sempre de descartar plásticos limpos nos recicláveis!! 

A importância disso se deve ao fato de que, principalmente em épocas de grande oscilação das marés, além de poluir a areia, os lixos que nela se acumulam, são encaminhados direto ao mar, agredindo o ecossistema marinho e causando diversos problemas ambientais, alguns desses já citados em artigos de edições anteriores. 

Pode parecer de senso comum, porém, não seria preciso falar sobre isso se esse fosse de fato aplicado. Logo, este artigo vai como um adendo ao final de ano e a multidão que se acumula na praia, porque nossa diversão não deveria ser a custo da saúde do meio ambiente e aos pequenos seres inocentes que nele habitam 🙂 

Contamos com a sua ajuda para tornar Santos mais bonita!

O lado nada espetacular do Sea World

Texto por Carolina Sousa e Isabella Gemignani

Foto: Arquivo pessoal

Se você não reconhece essa menininha posando na entrada do parque aquático SeaWorld, na Flórida, sou eu, Carolina Sousa, e, com muito orgulho, posso dizer que nos dias de hoje minha relação com esse parque mudou drasticamente. Vamos te explicar o porquê esse parque recebe tantas críticas e como sua história obscura foi escondida por tanto tempo. 

Toda essa polêmica gira em torno de “baleias orcas”, apelidadas de baleias assassinas, após um incidente envolvendo uma treinadora que foi morta durante um show pela Shamu. Ela foi a quarta Orca, a segunda fêmea, capturada pelo parque e viveu apenas por 6 anos, sendo que a expectativa de vida delas são de 60 anos na natureza e, em cativeiro, 29 para fêmeas e 17 para machos. 

Para exemplificar o assunto, nada melhor do que começar pelo início, certo?! 

Criado em 1964 por quatro estudantes americanos, o Sea World rapidamente se consolidou como o maior parque de vida marinha do mundo, cativando tanto crianças como adultos com as espécies de animais  expostas – entre as quais se destacavam as baleias Orcas, em especial a Shamu, que se tornou, inegavelmente, o símbolo do local. Porém, mesmo sendo a principal estrela, os bastidores da formação do espetáculo apresentado por ela e idealizado por espectadores como nós, era um processo extremamente nocivo, que afasta, desde o começo da existência, esses animais da vida de todo animal deveria ser, livre em seu habitat natural, nesse caso, nos oceanos ao redor do mundo.

Um dos maiores fatores que contribuiu para a exposição do Sea World abusiva foi o documentário Blackfish, de Gabriela Cowperthwaite, que causou grande polêmica em 2013, quando foi lançado. Essa produção acompanhou a vida de Tilikum, um mamífero que, conhecido por assassinar três humanos, viveu quase vinte anos de confinamento, sujeito à isolação, falta de estímulos intelectuais e emocionais, além de castigos físicos, relações ruins com os outros animais (sofrendo, mesmo, bullying e perseguição por eles), e cargas horárias de trabalho excessivas, de 8 horas por dia, 7 dias por semana. 

Porém, embora a situação vivida por Tilikum tenha sido totalmente traumática, seu sofrimento corresponde à uma parte pequena de toda essa indústria. Das aproximadamente 275 baleias resgatadas para transferências à aquários, pelo menos uma dúzia faleceu apenas nas operações de captura e, mesmo as sobreviventes desse processo, morreram prematuramente, devido às condições impróprias nas quais elas foram introduzidas, tendo sua expectativa de vida reduzida em quase 45 anos. 

Além disso, os golfinhos que habitam no parque sofrem situações semelhantes. Nos últimos 10 anos, 62 mamíferos morreram no SeaWorld, dos quais 16 ainda eram recém-nascidos. Sem contar, também, com o estresse promovido por programas de interação com eles, que são intrusivos e mesmo perigosos tanto para os animais quanto para os humanos. Afinal, mesmo as pessoas, que colocam os animais nessas condições, sofrem com esse espetáculo, visto que os treinadores não são impedidos de trabalharem com animais potencialmente agressivos e muitas vezes o fazem sem qualquer experiência prévia, resultando, em alguns casos, em seu falecimento no ofício, ao trabalhar com animais estressados com seus confinamentos.

As condições por trás do show

  • Tanques pequenos e impróprios para o mantimento dos animais. Os tanques dos parques tem cerca de 52 metros de largura e entre 3 a 10 metros de profundidade, enquanto seu habitat geralmente tem 300 metros de profundidade, além de nadarem 225 km por dia.
Comparação entre o estacionamento do parque (esquerda) e a área reservada aos tanques das orcas (direita) (Foto: Peta 2)
  • Espécies são drogadas como maneira de reduzir o stress induzido por cativeiro;
  • Baleias e golfinhos são forçados a performar manobras não naturais para que sejam alimentados;
  • Contenção leva a um comportamento violento;
  • Más relações entre os animais, que, forçados em tanques, sofrem relações incompatíveis e passam a perseguir uns aos outros (como no caso da baleia Nakai, que, após um conflito com outras baleias, ficou machucada, expondo tecidos e ossos);
  • Os animais machos são estuprados para que, artificialmente, a fêmea seja inseminada e gere filhotes;
Nakai, em um show do Sea World, em San Diego. (Foto: Ingrid N. Visser)
  • Sofrimento psicológico e físico, pelos pequenos espaços;
  • Comportamentos de automutilação pelos animais – a baleia Orca Kika, por exemplo, propositalmente se machuca em seu tanque;
  • Golfinhos em piscinas, para nadar com os seres humanos e tirar aquelas famosas fotos de “beijinho”, são frequentemente expostos à bactérias e outras doenças patogênicas;
  • Materiais não esterilizados propriamente para o tratamento dos animais, que resultam em infecções, foram encontrados.

Por fim, embora o SeaWorld tenha proporcionado um encantamento em nós, autoras, enquanto pequenas, as péssimas condições nas quais os animais são submetidos revelam que os parques não são, mesmo, brincadeira de criança. O sorriso desses animais simpáticos é apenas uma ilusão para o showbiz e, por trás deles, se encontra um processo de abusos, traumas e muito sofrimento.

Porém, é possível fazer mais além de apenas lamentar as péssimas condições que esses são submetidos. Primeiramente, é importante parar de financiar esses abusos, deixando de visitar parques temáticos como esse. Além disso, diversas ONGs se dedicam inteiramente a proporcionar uma melhor vida a esses animais, como “Sea World of Hurt”, “The Orca Project”, “International Marine Mammal Project” e “PETA”,  que dependem muitas vezes de doações e visibilidade que podem ser feitas por você (mesmo que seja uma quantia mínima). Finalmente, outra iniciativa que depende apenas de você é o compartilhamento dessas informações para que mais pessoas tenham acesso ao conhecimento e a verdade por trás dos tanques.

Nós precisamos falar sobre a pesca!

Texto por Carolina Sousa

Foto: cybercrisi

Você sabia que, segundo o “The Ocean Cleanup”, 46% de todo plástico nos mares e oceanos é decorrente das práticas de pesca? Sim, é isso mesmo que você leu. Entretanto, isso não nos isenta de deixar de praticar outras ações que prejudicam o meio ambiente e contribuem para a poluição do mesmo. Dentre elas o uso de plásticos descartáveis como copos, pratos e utensílios, sacolas plásticas, compras excessivas e o descarte incorreto de lixos e objetos.

Reprodução: Twitter

Essa foto que circulou nas redes ainda neste ano é um exemplo de como muitas pessoas desconhecem o fato da poluição causada por essa prática econômica e responsabilizam causas muito menores, como os canudos de papel, esses que apresentam, ainda que muito impactante, apenas 4% do lixo mundial. Atualmente, várias alternativas para o canudo, desde não usá-lo, dado que sua necessidade é mínima na maioria dos casos, até canudos a partir de plantas ou de papel. Este último, porém, reúne opiniões contrárias, uma vez que, apresentando em sua constituição cola ou até uma pequena camada de plástico para laminar, é impossível de ser reciclado ou biodegradado. Além disso, seu transporte e produção é muito mais prejudicial ao meio ambiente que os outros e aqueles coloridinhos podem ser tóxicos a você e à natureza!

Voltando a pesca, mundialmente, cerca de 640 mil toneladas de equipamentos são despejados e perdidos nos oceanos oriundos dessa prática, segundo pesquisas da “World Animal Protection”. O maior risco é o das redes de pescas que, não raro, enforcam, matam e lesionam animais marinhos e causam sequelas irreversíveis. Essas são chamadas de “Redes Fantasmas”, feitas de polímeros (plásticos) e demoram mais de meio século para se degradarem e todos os dias apresentando uma ameaça constante a todo aquele ecossistema.

Foto: theuniplanet.com

É importante saber que existem diversas tipos de pesca, porém a predominante é a pesca predatória (industrial) que, de forma excessiva, retira espécies de grandes áreas em quantidades absurdas. No Brasil, a pesca faz parte da economia nacional tanto para o mercado interno quanto para a exportação, contabilizando um crescimento maior que 100% na última década. Essa prática, além de poluir os mares com as redes anteriormente ditas, captura outras espécies de animais no processo, como as tartarugas, em que estima-se que quatro são mortas a cada dia. Então, isso nos faz pensar que apenas abdicar o canudo de nossas vidas não é suficiente, compreendendo que a preservação e redução de danos à vida marinha engloba um contexto muito maior. 

Um exemplo dessa prática é a caça às baleias, realizada principalmente no Japão, para fins de alimentação ou entretenimento de parques aquáticos. Como é o caso do Sea World, que é de consenso a lesão que faz à esses animais, mas que necessita de toda uma outra discussão e espaço para ser tratado em outro momento. Porém, é inevitável mencionar que além de serem capturadas e levadas para ambientes estranhos a elas, muitas morrem no trajeto assim como filhotes presos em redes e equipamentos além de diversos grupos e famílias serem separados.

Foto: viajadora.com

Ainda nesse sentido, visando a proteção do oceano, existem diversas ações que podem ser evitadas preservando diretamente a área que ocupa 71% do nosso planeta e todas as diversas relações biológicas nela existentes. Alguns exemplos disso vão do básico já mencionado, como recusar o uso de plástico até outras alternativas já abordadas no jornal em “Não cai a mão ajudar o mundo” e “Segunda sem carne”, até mesmo compartilhar esse conhecimento e exigir uma maior responsabilidade pelos praticantes dessas ações. Lembrem-se que todos temos uma voz que merece ser ouvida e melhor ainda quando estamos lutando juntos por um bem maior, né?! Então, não fique fora dessa e repense em suas ações e de que modo você pode minimizá-los, de pouquinho em pouquinho a gente chega lá. O planeta nunca precisou de tanta ajuda!!